A ajuda que vem de fora
A desinflação do mundo ajuda na desinflação por aqui

Pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (FGV) e da Julius Baer Family Office (JBFO). É doutor em economia pela USP.

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  • 21.jan.2023 às 10h00
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    O surto inflacionário após a recuperação em "V" da economia mundial gerou um ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos, no Reino Unido e na zona do euro, e até o Japão dá os primeiros passos para apertar a política monetária.

    Se é fato que, em boa medida, a inflação resultou de choques de oferta que já se revertem, ocorreu simultaneamente um aperto do mercado de trabalho, em razão da fortíssima recuperação. A inflação de serviços, que não é diretamente sensível aos choques de ofertas, elevou-se naquelas economias.

    Assim, em 2023, em razão do aperto da política monetária, haverá redução do crescimento. A perspectiva de forte desaceleração da economia mundial sugeria um cenário internacional muito preocupante para o Brasil. No entanto, o ano iniciou-se e tudo indica que teremos alguma ajuda da economia mundial.

    O primeiro motivo é que a desinflação do mundo ajuda na desinflação por aqui. Parte dos bens é transacionável internacionalmente, e a formação do preço ocorre no mercado internacional.

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      Adicionalmente, desde novembro do ano passado o dólar desvalorizou-se 7% ante as principais moedas dos países desenvolvidos. O real acompanhou e teve um bom comportamento nos últimos meses, apesar da retórica mais populista de Lula.

      A taxa básica de juros nos EUA encontra-se no intervalo entre 4,25% e 4,5%, e a expectativa do consumidor para a inflação 12 meses à frente está em 4%. A economia americana começa a operar com juros reais após muito tempo.

      Provavelmente haverá mais três ou quatro elevações de 0,25 ponto percentual cada uma e terminaremos, em algum ponto do segundo trimestre, com juro básico por volta de 5,25%, expectativa de inflação na casa de 3,5% e juro real em torno de 1,9%. Dado que a taxa neutra deve rodar em aproximadamente 0,5%, a contração monetária será próxima a 1,4%, o que deve ser suficiente para colocar a inflação em direção à meta de 2% na virada de 2024 para 2025.

      O enfraquecimento da moeda americana resulta de o mercado conseguir olhar do outro lado da montanha e enxergar o caminho e o final do ciclo desinflacionário.

      Na Europa, em que pese toda a enorme incerteza produzida pela guerra ainda inconclusa e sem solução à vista, os problemas previstos com a falta de gás se mostraram muito menores do que se imaginava. A Europa está conseguindo substituir o gás da Rússia com mais facilidade do que se esperava.

      E, finalmente, a economia chinesa, de forma totalmente atabalhoada, jogou a toalha, desistiu da estratégia de Covid zero e caminha para normalizar a atividade econômica ao longo do segundo semestre de 2023 e primeiro semestre de 2024.

      A economia chinesa fechou 2022 em nível 5% abaixo da tendência que vigorava antes da epidemia. Há muito espaço para crescimento em 2023-2024, mesmo com possíveis problemas mais estruturais. Assim, a atividade na China deve sustentar, em certa medida, o preço das commoditties.

      Ou seja, parece que em 2023 a economia internacional será desinflacionária, o que ajudará o BC, com a vantagem extra de que a perda de receita de impostos não será tão acentuada, pela manutenção dos preços das commodities em nível um pouco mais elevado do que se imaginava.

      A dúvida é qual será a resposta da política a um possível cenário externo mais benigno. Lula tem demonstrado que, em razão da polarização da sociedade, não tem o menor apetite para medidas de ajuste macroeconômico em 2023. Essa seria uma pauta para quando a sociedade estivesse mais pacificada. Ou seja, é possível que toda a melhora internacional seja consumida em elevação do gasto público.

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